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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Crianças e adolescentes em estado vulnerável

Abuso sexual


  No Brasil, estima-se que mais de 3 mil crianças e adolescentes são abusados sexualmente, o que seria mais de 10 casos por dia.
  Em tese, defini-se abuso sexual como qualquer conduta sexual com uma criança, levada a cabo por um adulto ou por outra criança de mais idade. Isto pode significar, além da penetração vaginal ou anal na criança, também tocar seus genitais ou fazer com que a criança toque os genitais do adulto ou outra criança mais velha, ou o contato oral-vaginal ou, ainda, rosar os genitais do adulto com a criança.
  André Salame Seabra, define abuso sexual como a exposição de uma criança a estímulos sexuais impróprios para sua idade, seu nível de desenvolvimento psico-social e seu papel na família. A vitima é forçada fisicamente ou coagida verbalmente a participar da relação sem ter, necessariamente, a capacidade emocional ou cognitiva para consentir ou julgar oque esta acontecendo.
  Ocorrem outros tipos de abuso sexual que chamam menor atenção, como por exemplo, mostrar os genitais de um adulto a uma criança, incitar a criança a ver revistas ou filmes pornográficos, ou utilizar a criança para elaborar material pornográfico ou obsceno.
  O abuso sexual à criança pode ocorrer na família através do pai, do padrasto, do irmão ou outro parente qualquer. Outras vezes ocorre fora de casa, como por exemplo, na casa de um amigo da família, na casa da pessoa que toma conta da criança, na casa do vizinho, de um professor ou mesmo por um desconhecido.


   Mais comumente, quem abusa sexualmente de uma criança, são pessoas que a criança conhece, e que ,de alguma forma, podem controla-la. De cada 10 casos registrados em oito o abusador e conhecido da vitima. Esta pessoa, em geral, é alguma figura de quem a criança gosta e em quem confia. Por isso, quase sempre acaba convencendo a criança a participar deste tipo de ato, por meio de persuasão, recompensas ou ameaças.
  Adultos conhecidos e familiares próximos como, por exemplo, o pai, o padastro ou o irmão mais velho, são os agressores sexuais mais frequentes e mais desafiadores. Embora a maioria dos abusadores sejam do sexo masculino, as mulheres também abusam sexualmente das crianças e adolescentes.
  Entre os comportamentos das crianças abusadas sexualmente, podemos incluir: 
  - Interesse excessivo ou evitação da natureza sexual;
  - Problema com o sono ou pesadelos;
  - Depressão ou isolamento de seus amigos e da família;
  - Achar que tem o corpo sujo ou contaminado;
  - Ter medo de que haja algo de mal com seus genitais;
  - Negar-se a ir a escola;
  - Rebeldia e delinquência;
  - Agressividade excessiva;
  - Terror e medo de algumas pessoas ou alguns locais;
  - Retirar-se ou não querer participar de esportes;
  - Respostas e lógicas ( para - respostas) quando perguntamos sobre alguma ferida em seus genitais;
  - Temor irracional diante do exame físico;
  - Mudanças súbita de conduta;
  Em algumas vezes, entretanto, crianças ou adolescentes portadores de transtorno de conduta severo, fantasiam e criam falsas informações em relação ao abuso sexual.
  Temos algumas dicas para orientar as crianças e adolescentes: 

  - Dizer às crianças ' se alguém tentar tocar- lhes o corpo, e fizer coisas que forçam sentir desconfortável, afaste-se da pessoa e conte em seguida oque aconteceu';
  - Ensinar as crianças que respeito aos maiores não que dizer que tem que obedecer cegamente aos adultos e as figuras de autoridade. Por exemplo, dizer que não tem que fazer tudo o que os professores, médicos ou outros cuidadores mandarem fazer, enfatizando a rejeição daquilo que não os façam sentir bem;
  - Ensinar a criança a não aceitar dinheiro ou favor de estranhos;
  - advertir as crianças para nunca aceitarem convites de quem não conhecem;
  - A tenta supervisão da criança é a melhor proteção contra o abuso sexual, pois muito possivelmente, ela não separa as situações de perigo à sua segurança sexual;
  - Na grande maioria dos casos, os agressores são pessoas que conhecem bem a criança e a família, podem ser pessoas as quais as crianças foram confiadas;
  - Embora seja difícil proteger as crianças do abuso sexual de membros da família ou amigos íntimos, a vigilância, das muitas situações potencialmente perigosas é uma atitude fundamental;
  - Estar sempre ciente de onde esta a criança e oque esta  fazendo;
  - Pedir a outros adultos responsáveis que ajudem a vigiar as crianças quando os pais não puderem cuidar disso pessoalmente;
  - Que as crianças fiquem o maior tempo possível junto de outras crianças, explicando as vantagens do companheirismo; 
  - Conhecer os amigos das crianças, especialmente aqueles mais velhos;
  - Ensinar as crianças a zelar de sua própria segurança;
  - Orientar sempre as crianças para buscarem ajuda com outro adulto quando se sentirem incomodadas;
  - Explicar as opções de chamar a atenção sem se envergonharem , gritar e correr em situações de perigo;
  - Orientar as crianças que elas não devem estar sempre de acordo com iniciativas para manter contato físico estreito e desconfortável, mesmo que sejam por parte de parentes próximos e amigos;
  - Valorizar positivamente as partes íntimas do corpo da criança, de forma que o contato nessas partes chame a sua atenção para o fato de algo incomum e estranho estar acontecendo;
  O que fazer:
  - Incentivar a criança a falar livremente o que se passa,  sem externar comentários de juízo;
  - Demonstrar que estamos compreendendo a angústia da criança e levando muito a sério oque está dizendo. As crianças e adolescentes  que encontram quem os escuta com atenção e compreensão reagem melhor do que aquelas que não encontram este tipo de apoio;
  - Assegurar à criança que fez muito bem em contar o ocorrido pois, se ela tiver uma relação mais próxima com quem à abusa, normalmente se sentira culpada por revelar o segredo ou com muito medo de que sua família a castigue por divulgar o fato;
  - Dizer enfaticamente a criança que ela não tem culpa pelo abuso sexual. A maioria das crianças vitima de abuso pensam que elas foram a causa do ocorrido, e podem imaginar que isso é um castigo, por alguma coisa má que tenham feito;
  Essas são algumas ações que podem auxiliar nesse processo de acolhimento da denuncia. 
  As medidas a serem adotadas são: Informas as autoridades qualquer suspeita séria de abuso sexual.
  1- Consultar imediatamente um pediatra ou médico de família, para atestar a veracidade da agressão ( quando houver sido concretizada). O exame médico pode avaliar as condições físicas emocionais da crianças e indicar um tratamento adequado.
  2- A criança abusada sexualmente deve submeter-se a uma avaliação psiquiátrica ou por outro profissional da saúde mental qualificado, para determinar os efeitos emocionais da agressão sexual, bem como avaliar a necessidade de ajuda profissional para superar o trauma do abuso.
  3- Ainda que a maior parte das acusações de abuso sejam verdadeiras, podem haver falsas acusações em casos de disputas sobre a guarda ( custódia) infantil ou em outras situações familiares complicadas.
  4- Quando a criança tem que testemunhar sobre a identidade de seu agressor, devem-se preferir métodos indiretos e especiais sempre que possível, tais como uso de vídeo, afastamento de espectadores, dispensar ou qualquer outra opção de não ter que encarar o acusado.
  5- Quando uma criança faz uma confidencia a alguém sobre abuso sexual é importante da-lhe apoio e carinho, isto é o primeiro passo para ajudar no restabelecimento de sua alto confiança nos outros adultos e na melhoria de sua alto estima.
  6- Normalmente, devido ao grande incomodo emocional que os pais experimentam quando ficam sabendo do abuso sexual em seus filhos, estes podem pensar que a raiva é contra eles. Por isso, devem ficar muito claro que a raiva manifestada, não é contra a criança abusada. 

  A Américan Humane Assosciation, em seus mais recentes estudos, estima o abuso sexual em 450 mil casos por ano. Apesar desses números serem altos , é consenso que o número de casos não relatados seja maior do que o número de casos notificados, devido ao segredo e vergonha que são inerentes ao abuso sexual infantil. Estima-se que uma em cada três mulheres e um em cada seis homens passem por um episódio de abuso sexual.
  Estudos tem revelado que os homens se abstêm de notificar o abuso sexual, devido ao medo e a vergonha de serem rotulados como homossexuais. Sabe-se também, que 80% das vítimas de ASI conhecem seus abusadores. Desse grupo, aproximadamente 68% é membro da própria família. Oitenta por cento dos abusadores são homens e vinte por cento mulheres. A media de idade do início do ASI é 9,2 anos para as mulheres, e 7,8 a 9,7 para os homens.
  Dos casos de ASI intra-familiar , 75% é pai-filha ( incluindo padrastos, namorados da genitora morando na mesma casa, ou outros que tenham papel paternal), enquanto 25% dos casos, são de mulheres-crianças, ou irmã-irmã.
  No Brasil o serviço de advocacia - SAC , entidade ligada a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), fez uma pesquisa a partir de processos registrados em 1988, 1991, 1992 para chegar a seguinte cifra: das 20.400 denúncias de maus-tratos à criança que chegam anualmente ao conhecimento da justiça, 13% reference a situação de abuso sexual, oque resulta em 2.800 novos casos a cada doze meses.
  O ASI intra-familiar é definido como qualquer forma de atividade sexual entre uma criança e um membro imediato da família ( pai, padastro, irmão) ou parentes substitutos ( um adulto o qual a criança considera um membro da família).
  O ASI intra-familiar, também é conhecido como incesto. Existem 5 tipos de relações incestuosas: pai-filha, irmão-irmã, mãe-filha, pai-filho, mãe-filho. Destes é possível que irmão-irmã seja o tipo mais comum. Entretanto o mais relatado é entre pai e filha ( 75% dos  casos). Mãe-filho é considerado o tipo mais patológico, sendo frequente sua associação com psicose. Por outro lado, o do tipo irmã-irmã, provavelmente acarrete menores sequelas. 
  Em seu livro Serial Killer : Louco ou cruel, Llana Casoi, relata que tradicionalmente o comportamento do adulto psicopata pode ser consequência de abusos sofridos na infância, abusos sexuais, físicos ou emocionais ou, ainda, consequência de traumas relacionados ao abandono infantil.
  Estudando matadores seriais, Llana reconhecem serem raros os casos que não tenham uma história de abuso ou negligência dos pais, porem ressalta que isso não significa que toda criança com história de algum tipo de abuso, seja um matador em potencial.

    

6 comentários :

  1. Muito instrutivo seu artigo Dr, mas eu fico pensando na mãe que criou seu filho com todo amor e disciplina que nunca foi abusado e por algum tipo de transtorno mental age como um possível abusador quando na verdade não é esse o comportamento no dia a dia, com quem a mãe pode contar para ajudar seu filho a ser uma pessoa normal na medida do possível ? e se essa mãe luta dia e noite com tratamentos e os médicos na verdade não sabem tratar essa criança ? ela vai ser condenada antes mesmo de crescer e entender o que realmente passa em sua cabeça ? Até hoje só vemos falar no abusador, o que é necessário ter cuidados, e quando o possível futuro abusador toma todo tipo de medicação que pode estar errada e a família continua cuidando dando o máximo de sí e não vê avanços na medicina para ajudá-los ? Pede-de socorro para essas famílias que já se sentem condenadas por falta de alguém perito no assunto para ajudar!!!!!

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    1. Boa tarde, caro amigo (a), se essa criança, portadora com transtorno mental, e com tendências em se tornar um futuro abusador, é preciso verificar o tratamento correto com um profissional qualificado nesse tipo de transtorno, talvez com entrada de medicamentos para abrandar esse comportamento e juntamente com acompanhamento terapêutico qualificado, e se possível a família faça um acompanhamento terapêutico para melhor poder ajuda-lo. E muito obrigado pelo comentário que nos faz crescer no debate.

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    1. Já vi no programa de tv um homem segurando as grades na prisão desesperado pedindo para ser 'castrado' porque não queria ficar preso, o que acontece com esse tipo de pessoa, isso é uma doença ? não tem cura ou tratamento ? como entendemos esses casos ? Obrigada.

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  3. Boa tarde Crys, esses casos podem ser vistos como uma psicopatia que é tratada através de medicamentos inibidores de libido, para que possa ter uma vida em sociedade, e sim é necessário tratar. Muito obrigado pelo seu comentário novamente.

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  4. Obrigada Dr pelo esclarecimento! Tenha um ótimo início de semana.

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