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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Nossos anjinhos: O amor entre nossos filhos especiais

  Uma das maiores dificuldades das famílias, e educadores é lidar com a sexualidade de portadores de  deficiência mental ou necessidade especial, é um grande desafio. 



  Desde o início do século passado, ao nascer uma criança com deficiência mental, ou necessidade especiais, os pais a escondiam, somente as pessoas mais próximas da família sabiam.
  Com o passar dos tempos, com novos estudos, teorias e práticas, os pais foram trabalhando este lado, e, chegaram a conclusão ao ver que as crianças eram iguais a todos os filhos, deveriam leva-los para a estimulação precoce, procurar ajuda, leva-los para as ruas para conviver com todas as crianças, para terem uma vida cada vez mais normal.
  Tenho uma filha, Priscila, com síndrome de Down, na época de seu nascimento, trabalhava com estimulação precoce no Centro de Ensino Especial II de Brasília, e desde pequena foi muito estimulada. Colocamos Priscila em uma fonoaudióloga sensacional, Dra Lídia Matos. Priscila hoje fala corretamente e até demais, está com 23 anos e estuda no Kumon, fez até a quinta série, na rede pública de ensino. Priscila teve sua primeira menstruação com 10 anos, antes fizemos uma preparação especial onde explicamos que seria o dia na qual se tornaria uma mocinha e festejamos com um bolo. Para ela, foi tudo normal, sem traumas.
  O relacionamento com o sexo oposto pode ser considerado normal, para com sua idade e é bem integrada com os colegas. Em particular , ela se envolve com colegas que tem problemas emocionais, além de ajuda-los sente recompensada pelas suas atitudes. 
Priscila  em  família
  Para maior facilidade, usarei nomes fictícios, para falar de adolescentes e crianças com necessidades especiais.
  Maria, José, joão e Ana não são anjos, mas bem que poderiam ser, apesar do jeito infantil, também não são crianças, apesar de sorrirem acanhados e baixarem o olhos quando falam de namoro, beijos , abraços e paixão. Para muitos são anjos inocentes ou eternas crianças. Na realidade Maria tem 28 anos, José 25, João 30 e Ana 45, são adultos portadores de deficiência mental em grau moderado. Eles tem uma idade cronológica, mas a mentalidade infantil, ou como pré-adolescentes, não  eliminando suas fantasias, desejos e instintos de seus corpos, nem as necessidades de amarem e serem amados.
  Lidar com a sexualidade de uma criança especial, é um grande desafio para crianças e educadores. O corpo deles se desenvolve naturalmente, mas sua mente não acompanha o processo e interpretação do mundo que continua seguindo a lógica de uma criança ou adolescente.  
  "Por acharem que seus filhos serão sempre crianças, muitos pais acreditam que eles nunca desenvolverão a sexualidade", explica a orientadora sexual Helena Gherpale, em seu livro - Diferente, mas não desiguais- a sexualidade do portador de deficiência mental- , mas isso não acontece, chegando a adolescência surge o interesse pelo sexo oposto, masturbação e a curiosidade. Muitos pais pouco informados, tentam impedir estas manifestações.
  Maria diz que que não entendi porque não poderia se casar, sua mãe dizia que se tivesse um filho, ele nasceria doente. Isto lhe deixou triste, mas ficou sabendo que se tomasse remédio anti-concepcional, poderia com mais de 40 anos, quem sabe adotar um bebe. O namorado João trabalha como servente. O casal é um exemplo de uma orientação sexual bem sucedida.
  Existe o mito de que a sexualidade dos especiais seja exacerbada, devido relato de masturbação em público, exposição das partes intimas, e atitudes que costumam chocar as pessoas. Não é exacerbada, é apenas mal orientada. O fato de alguns especiais se masturbarem em público ou exporem seus órgãos sexuais é apenas falta de uma educação que deixe claro que aquilo se faz quando a pessoa esta sozinha em seu quarto, banheiro, caso contrário o mesmo se guiará pelo instinto, em busca de prazer. A linguagem com a qual se toca no assunto deverá ser clara e objetiva.
  O professor de natação, para crianças do GDF ( Governo do Distrito Federal) Garcia Moreno, tem um irmão com síndrome de down e escreveu o livro: "Síndrome de Down, um problema maravilhoso", no qual explica como é viver com uma criança especial.
  No livro ele conta que a educação sexual de um adolescente portador de síndrome de down deve ser dada como para um adolescente dito normal, é claro respeitando o nível de compreensão deles.
  Os portadores são capazes de entender perfeitamente as diferenças dos órgãos sexuais, sobre a menstruação, maternidade e a masturbação. Claro que você não vai dar uma educação sexual para uma pessoa especial da noite para o dia , leva-se tempo, no dia-a-dia ela  vai revelando suas curiosidades e você deve responde-las explicando-a de maneira mais natural possível.
  O jovem com síndrome de down tem uma deficiência em sua a´rea intelectual, mas não tem na área sexual, apresenta o amadurecimento sexual completo: tem ereção e ejaculação e obviamente sente prazer. A fertilidade é reduzida, em pesquisas cientificas observa-se uma pequena quantidade ou ausência de espermatozoides.
  As mulheres com síndrome de down, podem ter relações sexuais normais, de 50% a 70% ovulam e são férteis, durante seus anos reprodutivos, podendo engravidar, e isto, acontecendo, a probabilidade de nascer um bebe com a síndrome é de 50%, embora os cientistas ressaltem que cada caso deve ser estudado em particular. A idade para o início da menopausa é variada.
  Outro livro muito bom, que tem explicações para explicar pais e leigos que estão dispostos a dar sua contribuição para nossas crianças especiais é: " Muito prazer, eu existo" de Claudia Werneck.
  A síndrome de down é uma alteração genética caracterizada por uma diferença no número de cromossomos na célula que,  ao invés de 46 passa a ter 47, sendo o excedente o cromossomo de número 21, o que caracteriza  seu outro nome, trissomia 21.
  " Em 95% dos casos essas alterações ocorrem ao acaso, o que iguala as chances de qualquer pessoa ter um filho com a síndrome", possua ela ou não um caso anterior na família. 
  Todas as crianças com deficiência mental ou necessidades especiais podem levar uma vida normal, até trabalharem, estudar, lembrando que síndrome de down não  é uma doença.

Rita e Ariel, atores e  casados
  Como exemplo temos a menina Joana, que vencendo o preconceito, atuou como a personagem clara, na novela paginas da vida, na rede Globo.
  Temos também o casal de atores com síndrome de down que sonham com o Óscar e protagonizaram o filme "Colegas", Ariel Golbenberg e Rita Pokk, que são apaixonados pela profissão e sonham ser diretores, foram vencedores do premio Kikito, no último festival de gramado. A vitória na Serra gaucha, divulgada pela equipe como se fosse o  "Óscar brasileiro"; provocou burburinho na internet. Não só pela qualidade do longa, mas pelo fato de ser estrelado por atores com síndrome de down. Outro adolescente também ator, e lutador de judo, é Breno Viola, com 34 anos também atuou no filme"Colegas".
  Ariel e Rita atuaram pela primeira vez juntos em uma versão teatral de: " Romeu e Julieta".
  Para a pré estreia do filme "Colegas", Ariel sonhava ter ao seu lado o ator norte - americano Sean Penn, fazendo até uma curiosa campanha na internet, juntando vários famosos pela causa. Por outro lado Breno Viola, quando questionado pela apresentadora Marilia Gabriela, sobre quem gostaria de ter ao seu lado, não titubeou, respndendo firme:" Eu quero a Juliana Paes", demonstrando que assim como uma pessoa sem a síndrome tem seus desejos e admirações sexuais.
  Como percebemos, nossas crianças especiais precisam apenas de um empurrãozinho com carinho, amor , atenção e uma dose de ajuda para que possam ter uma vida feliz e realizada, inclusive na área afetiva, deixemos o preconceito e façamos uma comunidade de anjos mais felizes, e deixemos que eles nos iluminem.

Joana com Regina Duarte e Breno Viola

13 comentários :

  1. Muito boa sua matéria! Vi certos aspectos do meu Júnior com respeito a agir normalmente com respeito a usar o banheiro, preciso falar para ele que tem visita na sala, pq ele se esquece de fechar a porta do banheiro.Obrigada pelo esclarecimento Dr.

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    1. Boa noite Crys, fico feliz em poder ajuda-la e quando necessitar de esclarecimentos estou a disposição.

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  2. Muito boa a materia,tendo em vista o preconceito ou as veses até a falta de informação sobre a sindrome muitas pessoas pré-julgão as pessoas com a sindrome de loucos e etc...nao sabendo que pessoas assim são tão normais e inteligentes com qualquer outra.

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    1. Muito obrigado pelo prestígio e estarei sempre buscando auxiliar no que for possível

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  3. Isso mostra que o amor vence todas as barreiras, e que embora sejam especiais, são inteligentes, criativos, e tudo que precisam é de amor, muito amor!!!

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    1. Boa noite, obrigado pelo comentário e a intenção do artigo era essa, de mostrar toda a capacitação dessas pessoas.

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  4. Adorei, minha filha tem DI e estar com 16 anos.

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  5. boa tarde ,li o texto trabalhei com ginecologita referente a mocinha Priscila a menstruacao tinha que dar uma segurada pois se as meninas tem menstruacao cedo o crescimento no tamanho para. depois da menstruacao,amei a matéria ótimo serviço vcs fazem parabéns,meu mano teve meningite e tem um pequeno atraso eu sou curadora e cuidadora dele,pois tenho irmãos mais velhos que são evangélicos que por todo custo queriam interna lo,como no século 18 internar e jogar a chave fora,sao pessoas ruins,ai eu vejo que o mundo tem bondade ainda em relação a vcs e em outras pessoas na vida a fora,me faz eu a continuar a fazer o bem e participar de grupo de eu ajudo e de azilos que visito e de crianças que eu amo e ajudo ,a jovens com necessidade de ajuda e de ate palavras amiga,emfim obrigada bjs

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    1. Boa noite Nilceia, gostei do seu comentário, e espero que você continue com esse belo trabalho.

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  6. A Estimulação Precoce é maravilhosa, meu filho fez 2 anos de estimulação, depois foi para a inclusão, hoje com 7 anos, cursa o 2º ano e já começou a ler, ele tem TID (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento-Autismo).

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    1. Boa noite Christina, a sua atitude de leva-lo rapidamente a estimulação precoce foi muito boa, para que a criança tenha o desenvolvimento mais próximo do normal, pois são muito inteligentes, necessitando apenas de uma ajuda e paciência para acompanha-lo.

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  7. beteevangelista @hotmail.com31 de outubro de 2013 às 03:02

    Adorei esse blog, em outro momento conto minha história sou mãe do Maicon Pop, alguns o conhecem e penso que, todo ser humano carrega dentro de si a necessidade de amar e tem todo direito de amar, namorar se relacionar.Temos muito que aprender acerca do amor com nossos anjos.

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário, e estarei esperando para saber a história do Maicon, grande abraço.

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